Como disse aqui nesse post, o blog agora vai contar com meu falatório sobre livros não só “de moda”, mas de tudo aquilo que eu ler e gostar e quiser compartilhar com as pessoas pra mais gente ler e ser feliz haha. Tô resgatando então todas as leituras de 2013 (esse é o último post, amém!) e depois volto a dedicar um post pra cada novo livro que ler.
Pra quem quiser ver a parte 2 dos “livros de 2013” é só clicar aqui. E vale lembrar que eu já tinha feito resenha de “A História da Moda no Brasil”, “Quinta Avenida, 5 da Manhã” e “Dormindo com o Inimigo”.
- A Fúria dos Reis – As Crônicas de Gelo e Fogo – George R. R. Martin
A Fúria dos Reis é o segundo volume da série “As Crônicas de Gelo e Fogo” e nesse livro a gente já tá muito mais familiarizados com os personagens (mas não se engane, caro leitor, porque para cada personagem que o George R. R. Martin mata, aparecem dois novos na história) e também mais ciente de que o autor não é das pessoas mais apegadas a tradicional história de “os bons sempre se dão bem”. Aliás, eu volto a bater na tecla que pra mim define toda essa série: todo mundo nesses livros é passível de fazer coisas boas e ruins, ainda que não propositalmente. Se é assim na vida real porque não seria nos livros, certo?
Nesse segundo volume a gente passa a conhecer mais profundamente alguns personagens e acompanha também algumas mudanças de postura de outros. O maior exemplo disso é a Sansa, que apesar de ainda figurar entre alguns dos personagens que eu menos gosto na série, sou obrigada a admitir que muda muito sua postura em relação ao primeiro livro. Aliás, acho que o clima geral desse segundo livro é muito mais triste do que o primeiro. Depois dos acontecimento finais de “A Guerra dos Tronos”, “A Fúria dos Reis” vem de vez pra selar a guerra que está acontecendo nos sete reinos. É esse livro que dá o start em toda as batalhas – com ou sem armas – que permeiam essa coleção.
- Feios – Scott Westerfeld
Sair da leitura de George R. R. Martin e embarcar em um livro como Feios, é, no mínimo, chocante. Não que esse livro, o primeiro de uma série que leva exatamente o título desse volume, seja ruim. Não tem nada a ver com isso. Acontece que Feios à uma série YA (Young Adult) e tanto sua linguagem quanto sua construção – ainda que pra mim essa seja muito mais profunda do que se mostra na superfície – são diferentes.
Feios se passa em um futuro onde todas as pessoas, ao atingirem a idade de 16 anos, passam por uma cirurgia que os transforma em seres humanos perfeitos. Essa tal procura pela perfeição é explicada no livro, em linhas gerais, como o remédio encontrado pela população para que fosse possível viver uma vida sem diferenças – uma dos “problemas- mor” da civilização de anos antes.
Daí ao longo do livro a gente vai entendendo que o Scott Westerfeld escreve para jovens, usando temas jovens, mas com grandes sacadas de adultos. É claro que essa premissa do livro é apenas o pano de fundo para contar uma outra história, – no caso a de uma adolescente que decide contestar o sistema e permanecer feia para sempre – mas a gente já vai catando logo de início que tanto o pano de fundo quanto alguma das atitudes e respostas que a protagonista tem no desenrolar da narrativa, tão longe de serem bobinhos.
Ou seja, apesar de uns deslizes nessa série – e já que eu falo mais disso – eu realmente fico feliz quando vejo autores que sabem falar com jovens sem os tratarem como bobos. Tem muita coisa aí em Feios que é pra fazer gente de qualquer idade pensar com cuidado na vida e no tipo de sociedade em que a gente vive.
- Perfeitos – Scott Westerfeld
O segundo livro da série Feios – ao todo são quatro: Feios, Perfeitos, Especiais e Extras – continua contando a história da Tally, a garota que não queria se tornar perfeita do primeiro livro. Desde aquele começo, a história já se desenrolou bastante e até o cenário do livro, que no começo era a cidade de Nova Perfeição, já mudou. A premissa da narrativa, no entanto, continua a mesma, e ainda que existam alguns percalços no caminho, a base do livro ainda continua a questionar a todo momento o que de fato move o ser humano em busca dessa suposta perfeição – e porque as diferenças são importantes no processo de construção de uma sociedade.
Mas como eu tinha falado ali em cima, tem alguns deslizes nesse livro. Sei lá, nem é deslize vai, mas é que eu sou meio cri cri com aquele tipo de história que tem uma ideia tão bacana por trás de si, mas que precisa necessariamente se valer de um romance (no mais literal dos sentidos) pra poder criar algum atrativo. Veja bem, praticamente todos os livros tem algum tipo de romance em algum momento da narrativa. Ele pode até ser fio condutor pra várias partes da história (vide Harry Potter), mas não é toda história que precisa transformar tudo o que acontece e todas as ideias da narrativa em um “em nome do amor” (vide Harry Potter de novo haha). Resumindo, o que me deixa um pouco de porre desse livro aqui é achar que a história, por si só, não justifica as ações tomadas pelos personagens, e pra remediar isso ter que criar um romance que as expliquem. Fica o aviso pro Scott Westerfeld que jovem ou não a gente não precisa ter esse tanto de amor exacerbado em toda leitura.
- A Tormenta de Espadas – As Crônicas de Gelo e Fogo – George R. R. Martin
E chegamos no terceiro livro da série de George R. R. Martin e que pra mim é, de longe, o melhor de todos. Nele a gente conhece muito melhor alguns dos personagens, inclusive um que a gente considerava mega abominável (e sim, eles de fato fez algo abominável), mas que, veja só que ironia do autor – e que tapa na cara da gente – fez algumas coisas pra lá de nobres no passado e não precisou espalhar isso aos quatro ventos.
Pra mim esse livro fala, acima de tudo, sobre amor. No seu sentido mais amplo. Amor pelos filhos, amor por si próprio, amor de irmão, amor a uma causa e até o amor que alguém gostaria de ter. E eu acho que é muito disso, da gente se enxergar em algumas dessas várias situações, desses vários tipos de amor, que nos faz criar laços tão íntimos com os personagens.
Esse livro é também um dos mais tristes, penosos e significativos que eu já li. Eu não quero soltar spoiler por aqui, (e nem vou hehe) mas há uma determinada parte dele que depois que a gente lê fica fácil entender porque um livro pode se tornar tão real na nossa vida. Um amigo brincou dizendo que a vontade dele, depois de ler isso, era sentar no chuveiro encolhidinho. E pode parecer besta, mas nem é. Essa passagem específica eu li mais de uma vez e logo na segunda leitura me toquei de uma coisa que a gente absorve na leitura sem perceber: detalhes. Que, clichê ou não, fazem sim diferença. São eles que tornam a história plausível pra gente, mas mais do isso, são eles que nos aproximam de uma história, que nos dão um elo de ligação.
Quem tá na leitura desse livro e já leu esse trecho a que me refiro (e sim, você saberá que trecho é esse), leia novamente. Você vai perceber como toda palavra escrita pelo autor tem um significado enorme nas ações que se seguem. É como se ele deixasse migalhinhas de pão que a gente vê pelo caminho, mas só absorve, e na hora que encontra o pão apenas tem um leve flash daquilo. Reler George R. R. Martin é não só ver e absorver instantaneamente cada uma dessas migalhinhas, mas perceber como cada uma se encaixava no pão.
Bisou, bisous